Aditivos na Dieta: São Realmente Necessários?
NUTRIÇÃO


A nutrição é um dos fatores mais importantes para a produtividade dos bovinos, seja na pecuária de corte ou de leite. Além dos ingredientes tradicionais, como volumosos e concentrados, os aditivos alimentares vêm ganhando destaque por seu potencial de melhorar o desempenho, a conversão alimentar e a saúde dos animais. Mas será que são realmente necessários? Quais os custos e benefícios? Existem riscos no seu uso?
O Que São Aditivos Alimentares e Por Que Usá-los?
Os aditivos são substâncias ou compostos adicionados à alimentação dos bovinos com o objetivo de modular a digestão, melhorar a conversão alimentar, controlar doenças e otimizar os processos fisiológicos do animal. Eles não fornecem energia ou proteína diretamente, mas influenciam as reações bioquímicas que ocorrem no trato gastrointestinal. Dessa forma, os aditivos podem ter um efeito direto na eficiência digestiva e no aproveitamento de nutrientes disponíveis na dieta.
A utilização de aditivos tem se mostrado vantajosa principalmente nos sistemas de confinamento e nas situações em que os animais recebem dietas mais ricas em concentrados, mas com menor quantidade de fibras. Nestes casos, os aditivos podem ajudar a balancear a ruminação e a microbiota ruminal, promovendo maior aproveitamento de nutrientes e prevenindo doenças metabólicas que prejudicam o desempenho dos bovinos.
Principais Aditivos Utilizados e Seus Benefícios
A seguir, listamos alguns dos principais aditivos utilizados na alimentação de bovinos e como eles podem impactar positivamente o desempenho zootécnico dos animais.
1. Ionóforos (Monensina e Lasalocida)
Os ionóforos são amplamente usados na pecuária devido à sua capacidade de melhorar a eficiência alimentar e reduzir a produção de metano, o que contribui diretamente para uma maior conversão alimentar. Eles funcionam regulando as bactérias ruminais, alterando a fermentação do rúmen de maneira que mais energia fica disponível para o animal.
Benefícios:
Redução de metano: Diminui a emissão de gases de efeito estufa no ambiente.
Melhora da conversão alimentar: O ganho de peso é mais eficiente, o que resulta em melhor desempenho geral do rebanho.
Redução da acidez ruminal: Previne doenças como a acidose ruminal, favorecendo a saúde do animal.
Efeitos Colaterais:
O uso em doses excessivas pode causar intoxicação, com sinais como letargia, perda de apetite e até dificuldade locomotora.
Alguns mercados de exportação proíbem o uso de ionóforos, o que pode limitar seu uso dependendo do destino da produção.
2. Probióticos e Prebióticos
Probióticos são microrganismos vivos que têm o objetivo de melhorar a microbiota ruminal, enquanto os prebióticos são compostos que promovem o crescimento de bactérias benéficas. Ambos desempenham um papel essencial no equilíbrio da flora ruminal, ajudando na digestão das fibras e na absorção de nutrientes.
Benefícios:
Equilíbrio microbiano: Promove o crescimento de bactérias benéficas, o que resulta em uma melhor digestão da fibra e melhor utilização de nutrientes.
Redução de patógenos intestinais: Alivia a pressão sobre o sistema digestivo, prevenindo doenças como diarreia e infecções intestinais.
Melhora da imunidade: Ajuda a aumentar a resistência do rebanho a doenças.
Efeitos Colaterais:
Inconsistência de resultados: A eficácia dos probióticos pode variar dependendo do tipo de dieta e da gestão do rebanho.
3. Tamponantes Ruminais (Bicarbonato de Sódio e Óxido de Magnésio)
Esses aditivos são essenciais em dietas com altos níveis de concentrados, comuns em sistemas de confinamento, onde o pH do rúmen pode cair drasticamente. Os tamponantes atuam neutralizando a acidez ruminal, prevenindo a acidose ruminal, uma condição que pode comprometer a saúde do rebanho.
Benefícios:
Controle da acidez ruminal: Ajuda a manter o pH ruminal dentro da faixa ideal para uma fermentação eficiente.
Prevenção de distúrbios metabólicos: Evita doenças como timpanismo e acidose, que podem comprometer a saúde e a produção do rebanho.
Melhora na digestibilidade: Maior aproveitamento dos nutrientes, principalmente em dietas com alta carga de concentrados.
Efeitos Colaterais:
O uso excessivo pode levar a alcalinização do rúmen, o que prejudica a digestão de fibras e pode comprometer o aproveitamento alimentar.
4. Leveduras (Saccharomyces cerevisiae)
As leveduras são aditivos naturais que promovem o crescimento de microrganismos ruminais benéficos e ajudam a melhorar a digestão das fibras, otimizando o uso de celulose no trato gastrointestinal.
Benefícios:
Aumento da digestibilidade da fibra: As leveduras ajudam na fermentação da celulose, promovendo maior eficiência no uso dos forragens.
Estabilidade ruminal: Estabilizam o pH ruminal, prevenindo quedas drásticas que podem afetar a saúde dos animais.
Aumento da produção de proteína microbiana: Essencial para o crescimento do animal e para a produção de leite em vacas de leite.
Efeitos Colaterais:
Risco de perda de eficácia se o produto não for armazenado corretamente ou for administrado de forma inadequada. Sua eficácia depende da viabilidade das células.
5. Aditivos Fitogênicos (Extratos Vegetais e Óleos Essenciais)
Com o aumento da demanda por alternativas naturais, os aditivos fitogênicos, como extratos de plantas e óleos essenciais, estão se tornando populares por suas propriedades antimicrobianas e digestivas.
Benefícios:
Melhora da saúde intestinal: Os extratos vegetais podem prevenir o crescimento de bactérias patogênicas, melhorando a digestão e a absorção de nutrientes.
Redução do uso de antibióticos: Como alternativa aos antimicrobianos tradicionais, esses aditivos são eficazes no controle de doenças intestinais e respiratórias.
Estimulação da produção de saliva e melhora da ruminação.
Efeitos Colaterais:
Resultados variáveis: A eficácia depende da qualidade e da formulação do produto. O uso inadequado pode afetar a digestão.
Aditivos: São Realmente Necessários?
Embora os aditivos alimentares tenham se mostrado eficazes em muitas situações, eles não devem ser vistos como substitutos de uma nutrição balanceada e de um manejo correto. O uso de aditivos pode ser altamente benéfico, especialmente em sistemas intensivos, mas sempre deve ser feito de forma estratégica, levando em consideração as necessidades do rebanho, o tipo de produção (leite ou corte), a qualidade dos ingredientes da dieta e o custo-benefício.
Além disso, o controle rigoroso das doses é fundamental para evitar efeitos colaterais ou intoxicação. O uso de aditivos deve ser acompanhado por uma monitorização constante da saúde e do desempenho dos animais, para ajustar as doses ou modificar a escolha dos produtos conforme necessário.
Devo Usar Aditivos?
O uso de aditivos pode ser um diferencial competitivo, proporcionando ganhos de produtividade, saúde e longevidade ao rebanho. No entanto, é fundamental que sua aplicação seja bem fundamentada em estudos e análises específicas para o rebanho em questão. Avaliar a necessidade de cada tipo de aditivo, os custos envolvidos e os resultados esperados é essencial para garantir que a utilização desses produtos seja realmente vantajosa a longo prazo.
Com o manejo nutricional adequado, a integração de aditivos alimentares pode otimizar a produção e melhorar os índices zootécnicos, tornando a pecuária mais eficiente e lucrativa.