Como a Nutrição Deficiente em Cálcio Afeta os Resultados do Pecuarista
NUTRIÇÃO


O cálcio é um dos minerais mais importantes na nutrição dos bovinos, sendo essencial para a contração muscular, a saúde óssea, a produção de leite e o funcionamento adequado do sistema nervoso. No entanto, sua deficiência pode gerar prejuízos graves tanto para o gado de leite quanto para o gado de corte. Problemas reprodutivos, dificuldades no parto, baixa produtividade e até mesmo mortes podem ocorrer devido à falta desse mineral.
A Importância do Cálcio na Pecuária
O cálcio desempenha um papel vital no metabolismo dos bovinos. Ele é responsável pela formação e manutenção dos ossos, participa da contração muscular, regula a coagulação sanguínea e influencia funções hormonais essenciais para a reprodução e a lactação.
No gado de leite, a demanda por cálcio é ainda maior, especialmente no início da lactação, quando a vaca precisa mobilizar grandes quantidades desse mineral para a produção de leite. Já no gado de corte, o cálcio é fundamental para o crescimento, desenvolvimento muscular e desempenho reprodutivo, garantindo um bom rendimento na terminação e uma taxa de prenhez eficiente nas matrizes.
A deficiência de cálcio pode levar a distúrbios metabólicos graves, reduzindo a produtividade do rebanho e impactando diretamente a lucratividade do pecuarista.
Sinais Mais Comuns da Deficiência de Cálcio
A falta de cálcio pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da categoria animal e da gravidade da deficiência. Os sinais mais recorrentes incluem:
1. Hipocalcemia Clínica e Subclínica (Febre do Leite) – Gado de Leite
A hipocalcemia ocorre principalmente em vacas leiteiras logo após o parto, devido à alta demanda de cálcio para a produção de leite. Existem duas formas:
Hipocalcemia clínica:
Vacas caídas, sem força para se levantar.
Tremores musculares e postura rígida.
Baixa temperatura corporal e extremidades frias.
Risco de morte se não tratada rapidamente.
Hipocalcemia subclínica:
Vacas aparentemente normais, mas com menor produção de leite.
Atraso na involução uterina, aumentando o risco de retenção de placenta e metrite.
Maior incidência de deslocamento de abomaso e outras doenças metabólicas.
2. Problemas Ósseos e de Crescimento – Gado de Corte e Leite
Retardo no crescimento em bezerros.
Ossos frágeis, com maior risco de fraturas.
Deformações ósseas em animais jovens devido à deficiência prolongada.
3. Dificuldades na Reprodução – Gado de Leite e Corte
Cios irregulares ou ausentes devido ao impacto hormonal.
Maior incidência de distocias (dificuldade no parto) devido à falha na contração uterina.
Retenção de placenta, aumentando o risco de infecções uterinas.
4. Redução no Desempenho dos Touros
Baixa libido e redução na capacidade de monta.
Problemas ósseos que prejudicam a locomoção.
Redução na qualidade do sêmen devido ao impacto metabólico.
Tratamento e Cuidados em Casos de Deficiência de Cálcio
Quando a deficiência de cálcio é detectada, algumas condutas podem ser adotadas para minimizar os prejuízos:
Hipocalcemia clínica: O tratamento é feito com administração intravenosa de cálcio sob supervisão veterinária. A aplicação deve ser lenta para evitar efeitos colaterais como arritmias cardíacas.
Hipocalcemia subclínica: Pode ser corrigida com suplementação oral de cálcio logo após o parto e ajustes na dieta para evitar quedas bruscas de cálcio no sangue.
Problemas ósseos e reprodutivos: A correção deve ser feita por meio de uma suplementação mineral contínua e balanceada, garantindo um fornecimento adequado de cálcio ao longo da vida do animal.
Suplementação Correta de Cálcio: Como Evitar Deficiências e Excesso
A suplementação de cálcio deve ser feita de forma estratégica para garantir que os animais recebam a quantidade adequada desse mineral sem riscos de intoxicação.
1. Suplementação para Gado de Leite
Pré-parto: Deve-se evitar dietas ricas em cálcio antes do parto, pois isso pode prejudicar a adaptação metabólica da vaca e aumentar o risco de hipocalcemia.
Pós-parto: O fornecimento de cálcio via oral (pasta ou bolus) nas primeiras horas após o parto ajuda a reduzir a ocorrência da febre do leite.
Dieta balanceada: Minerais como magnésio e fósforo devem estar em equilíbrio para evitar desbalanços nutricionais.
2. Suplementação para Gado de Corte
Bezerros e animais jovens: Devem receber cálcio suficiente na dieta, especialmente aqueles criados em pastagens pobres no mineral.
Animais em terminação: A nutrição deve garantir que o cálcio seja suficiente para o desenvolvimento ósseo e muscular adequado.
3. O Perigo do Excesso de Cálcio
A suplementação excessiva de cálcio também pode trazer problemas. Entre os principais riscos estão:
Interferência na absorção de outros minerais: Altos níveis de cálcio podem dificultar a absorção de fósforo, magnésio e zinco, causando novos desequilíbrios nutricionais.
Problemas urinários: O excesso pode levar à formação de cálculos renais, especialmente em bovinos confinados.
Hipocalcemia rebote: No gado de leite, dietas ricas em cálcio antes do parto podem prejudicar a mobilização do mineral no organismo, aumentando o risco de febre do leite.
Por isso, a suplementação de cálcio deve ser feita com critério, considerando as necessidades de cada categoria animal e sempre associada a um manejo nutricional adequado.
O Monitoramento Nutricional e a Supervisão Veterinária são Essenciais
A deficiência de cálcio é um problema sério na pecuária, afetando tanto o gado de leite quanto o gado de corte. Desde hipocalcemia em vacas recém-paridas até problemas ósseos e reprodutivos, a falta desse mineral pode comprometer a produtividade do rebanho e gerar grandes prejuízos ao pecuarista.
Para evitar esses problemas, é fundamental investir em uma suplementação balanceada, garantindo que os animais recebam cálcio na quantidade certa e no momento adequado. Além disso, o monitoramento nutricional, o manejo correto da alimentação e a supervisão veterinária são essenciais para manter a saúde e o desempenho do rebanho em alto nível.
Com uma nutrição bem ajustada, é possível melhorar os índices produtivos e reprodutivos da fazenda, garantindo mais eficiência e lucratividade no sistema pecuário.